quinta-feira, 24 de março de 2011

Discriminação racial na internet

Imagem: Mercado Ético
No Dia Internacional Contra a Discriminação Racial, comemorado na segunda-feira (21), a Polícia Federal incentiva a denúncia de crimes de ódio, entre eles o racismo, na internet.
Crimes de ódio são aqueles que envolvem qualquer tipo de preconceito ou intolerância e podem ser denunciados através do site da Polícia Federal ou pelo email denuncia.ddh@dpf.gov.br. No mesmo domínio, também podem ser feitas denúncias sobre a fabricação, venda, distribuição ou divulgação de símbolos nazistas, pornografia infantil e tráfico de pessoas.
A lei que trata deste tipo de crime é a 7.716/89 e 9.459/97 que diz em seu artigo 20 que: “quem praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional” pode pegar pena de um a três anos de prisão e “quem fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo” a pena é de dois a cinco anos. Por fim, se “qualquer desses crimes for cometido por intermédio dos meios de comunicação social ou publicação de qualquer natureza” a pena é de reclusão de dois a cinco anos.

quarta-feira, 23 de março de 2011

O navio negreiro

O poema de Castro Alves ( 1847-1871) é um dos mais conhecidos da literatura brasileira e foi concluído em 1868, quase 20 anos depois da promulgação da Lei Eusébio de Queiróz, que proibiu o tráfico de escravos, em 4 de setembro de 1850. Como a proibição não vingara totalmente, o poeta empenhou-se na denúncia da miséria a que eram submetidos os africanos durante a travessia oceânica.
Poeta social, sensível às inspirações revolucionárias e liberais do século XIX, Castro Alves foi, no Brasil, o anunciador da Abolição e da República, devotando-se apaixonadamente à causa abolicionista. Composto em seis partes, " O navio negreiro" alterna métricas variadas para obter o efeito rítmico mais adequado a cada situação retratada.

terça-feira, 22 de março de 2011

Rotas da escravidão

Os escravos capturados no continente africano eram levados para a América, Ásia e Europa, entre 1500 e 1800. Hoje, o Projeto Rota dos Escravos, da UNESCO, refas esse trajeto.

O comércio de escravos na África durou mais de quatro séculos. É um dos capítulos mais sombrios da história da humanidade e estabeleceu, entre a Europa, a África e as Américas, laços fortes e ambivalentes.
Arrancados de sua terra natal, aprisionados e embarcados para uma vida de cativeiro, os escravos encontravam forças nas tradições que levavam consigo. Uma delas era o vodu: - Tradição espiritual que dava aos africanos a coragem para romper as correntes do cativeiro no Caribe. Muitos creem que ele seja originário do Haiti, mas ele veio da África, do povo Fon, do Benin, para quem "vodu" quer dizer espírito.
A proposta da UNESCO, que instituiu em 1993 o projeto internacional " A rota dos Escravos" pretende estimular a reflexão científica internacional para estabelecer as causas, as modalidades e consequências do comércio de negros. Além da verdade histórica, o projeto busca reconhecer que a luta pela democracia e pelo direitos humanos é, sobretudo, uma luta pela momória, para evitar o esquecimento e a repetição das tragédias do passado.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial


21 de março – Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial

Em 1976, a ONU escolhe o dia 21 de março como o Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial, para lembrar os 60 negros mortos e as centenas de feridos na cidade de Shapeville, África do Sul, em 21 de março de 1960. Estas pessoas foram vítimas da intransigência e do preconceito racial quando pacificamente realizavam uma manifestação de protesto contra o uso de “passes” para os negros poderem circular nas chamadas áreas “brancas” da cidade.

sábado, 12 de março de 2011

Capulanas de Moçambique

As capulanas são tecidos usados em ocasiões especiais mas também como vestimentas do dia-a-dia. As figuras estampadas nos tecidos são dispostas de maneira a tornarem-se harmônicas na maneira em que são usadas: uma imagem aparece na frente e outra, idêntica, nas costas da pessoa.


Em geral os desenhos seguem uma fórmula com uma imagem central, padrões e bordas nos cantos. Acima ou abaixo do motivo central há um texto, provérbio, conselho ou palavra-de-ordem. A combinação da imagem e do texto é uma fonte de informação valiosa.
Os governos e as ONGs reconhecem o valor propagandístico das capulanas e as utilizam como veículo de doutrinação, comunicação e educação.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Colonialismo e luta pela libertação em Moçambique

Palestra realizada pelo Prof. Dr. José Luís Cabaço, reitor da Universidade Técnica de Moçambique, na Casa das Áfricas em 2007


Colonialismo e luta pela libertação em Moçambique por casadasafricas

José Luís Cabaço é moçambicano e doutor em Antropologia pela Universidade de São Paulo. Participou na luta pela independência do seu país nas fileiras da Frente de Libertação de Moçambique. Após a proclamação da independência em 1975, assumiu diversas responsabilidades no governo e nas instituições políticas, até se retirar do serviço público em 1992. Foi professor convidado na Universidade Politécnica de Moçambique e hoje é reitor da Universidade Técnica de Moçambique.
É autor do livro "Moçambique – Identidade, colonialismo e libertação". São paulo: Unesp, 2010.
Fonte: Casa das Áfricas

quinta-feira, 10 de março de 2011

MUNTU


Uma palavra originária de uma grande família linguística africana – Bantu, que com suas características, estrutura fundamental e origem comum, compõem inúmeras línguas africanas.

A palavra “Muntu” é oriunda da raiz “ntu”, na linguística Bantu. “Muntu” denomina-se o homem, o ser humano, mas em sua forma plural, encontramos a palavra “Bantu”. Este termo foi empregado pela primeira vez por Wilhelm Bleek (1827 - 75) por instigação de G. Grevi, por ser uma raiz que se conservou, sob várias formas, em todas as línguas da grande família “Bantu”.

A palavra Bantu, por ser um termo Etno-linguístico, passou a designar – também – os povos que falavam esta língua, e as línguas desta família. Já o termo singular “Muntu”, passou a ser empregado na moderna literatura africano – Bantu, designando o assim ao homem Africano, a personalidade africana. Esta palavra é plena de sentido, onde se misturam as ideias de africanidade, negritude e identidade cultural.

Fonte: Dicionário Gramatical Changana
P. Armando Ribeiro
Ed. Paulinas
1ª Ed. 2010

Identidade no cotidiano escolar

Operários - Tarsila do Amaral
A construção da identidade acontece durante a vida dos alunos. Desde o seu nascimento, o homem inicia uma longa relação com o meio e a partir daí construirá a sua identidade. Essa construção está fortemente ligada à dependência da cultura e da sociedade onde o aluno está inserido.

O modelo da escola do século XIX era completamente diferente do atual. Recebia alunos brancos, burgueses, de uma determinada religião, que reproduziam uma identidade fixa. Hoje, a escola recebe os mais diversos grupos sociais, sexuais e étnicos, bem como com a mais diversa pluralidade de sujeitos, que são constantemente forçados a reproduzir uma identidade que não os reconhece.

Parece muito claro que atravessamos uma crise, que não é só econômica, mas que atinge toda a estrutura social.   E essa estrutura é fundamentada sobre relações de poder, ou seja, relações de domínio que um grupo estabelece sobre o outro.  Essas relações de dominação existem a partir de divisões entre os grupos, de demarcações entre quem faz parte do grupo e quem não faz. A relação que se estabelece  com o grupo, o grupo ao qual pertencemos, pois sentir-se bem com o grupo ao qual se pertence são aspectos fundamentais para ficar bem. 

Trabalhar essas diferenças na escola hoje, não é uma tarefa fácil, porque para lidar com elas é necessário compreender como a diversidade se manifesta e em que contexto.  Portanto, o questionamento sobre essas questões significa progredir na discussão a respeito das desigualdades sociais, da valorização das características étnicas e culturais, os diferentes grupos sociais que convivem no mesmo território e o direito de ser diferente.

quarta-feira, 9 de março de 2011

África na Escola



Entrevista com a Profª. Íris Amâncio sobre a importância do ensino da história e cultura africana nas escolas e a implementação da Lei 10.693-3.

O perigo de uma única história - Chimamanda Adichie


Criada em um campus universitário no leste de Nigéria, em uma família bem estruturada de classe média, a escritora Chimamanda Adichie nunca passou por maus tratos, fome ou falta de serviços básicos, como saúde e educação.
Leitora e escritora precoce, Adichie logo percebeu que havia algo estranho com suas histórias. “Todos os meus personagens eram brancos de olhos azuis. Eles brincavam na neve, comiam maçã e falavam muito sobre o tempo, em como era maravilhoso o sol ter aparecido”, comenta. Mesmo sem nunca ter saído da Nigéria, a pequena escritora já reproduzia exatamente aquilo que lia nos livros britânicos e americanos – maioria em sua estante.
Isso fez Adichie perceber o quanto o ser humano é impressionável e vulnerável diante de uma história. Graças à sua educação, ela conseguiu expandir sua percepção e compreender que pessoas como ela, que viviam situações com as quais ela se identificava, também poderiam existir na literatura.
Adichie admite ter passado por situações difíceis na vida e que elas ajudaram a formar a mulher que hoje ela é. Mas ela defende que insistir somente nessas histórias negativas é uma forma de superficializar suas experiências e negligenciar as muitas outras histórias que a formaram. 
"Uma única história cria estereótipos. E o problema com estereótipos não é que eles sejam mentira, mas que eles sejam incompletos. Eles fazem uma história tornar-se a única história", relembra. Como consequencia, essas histórias acabam por roubar a dignidade das pessoas e dificultar o reconhecimento de nossa humanidade compartilhada, enfatizando como as pessoas são diferentes, em vez de como são semelhantes.
"Histórias têm sido usadas para expropriar e tornar maligno. Mas histórias podem também ser usadas para capacitar a humanizar. Histórias podem destruir a dignidade de um povo, mas também podem reparar essa dignidade perdida", diz. Adichie termina a palestra com um pensamento: "quando nós rejeitamos uma única história, quando percebemos que nunca há apenas uma história sobre nenhum lugar, nós reconquistamos um tipo de paraíso."


2011: ANO INTERNACIONAL PARA OS POVOS AFRODESCENDENTES


As Nações Unidas declararam, em dezembro de 2010, em Nova York, o Ano Internacional para Descendentes de Africanos. De acordo com o secretário-geral Ban Ki-moon, a iniciativa tentará fortalecer o compromisso político de erradicar a discriminação a descendentes de africano e promover o respeito à diversidade e herança culturais.“Este Ano Internacional oferece uma oportunidade única para redobrar nossos esforços na luta contra o racismo, a discriminação racial, a xenofobia e outras formas de intolerância que afetam as pessoas de ascendência africana em toda parte.”(Navi Pillay, Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos)

Acesse aqui a  resolução da Assembleia Geral que proclama 2011 o Ano Internacional dos Povos Afrodescendentes

Fonte: UNIC